Moçambique: Mudanças climáticas desafiam pequenos.as produtores.as de feijão bóer a adoptar novas práticas agrícolas

| Outubro 25, 2021

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São 5:00 da manhã e Adelaide Tomás Luís está a preparar-se para ir para o campo. A Sra. Luís é agricultora na província de Sofala, no distrito de Nhamatanda, posto administrativo de Namenco. É também uma técnica de nível médio em agro-pecuária, especializada em agricultura, e tem prestado assistência aos agricultores da sua área. A Sra. Luis diz que é importante que os agricultores tenham conhecimentos sobre o clima. Como solução para a mudança do clima, ela intercepta leguminosas em torno de ervilha de pombo para servir de quebra-ventos. Ela também amontoa o solo na base da planta, e roda feijões e milho para melhorar a fertilidade do solo. A Sra. Luis diz que uma variedade de ervilha-de-pombinho chamada Ceap 0557 é resistente às alterações climáticas devido ao seu vigor. De acordo com a Sra. Luis, os desafios na produção de ervilha-de-pombo incluem perdas de podridão, a falta de pesticidas, dificuldades no acesso ao armazenamento hermético, falta de acesso a sementes melhoradas, e falta de informação sobre a parte dos benefícios nutricionais da cultura para o consumidor.

São 05:00 da manhã e Adelaide Tomás Luís prepara-se para ir à machamba. A sra. Adelaide é uma agricultura residente em Sofala, distrito de Nhamatanda, posto administrativo de Namenco. Ela é também técnica de nível médio em Agro-pecuária, especializada em agricultura e tem prestado assistência a agricultores.as da sua localidade.

Segundo Adelaide, é importante que o.as agricultor.as tenha noções sobre o clima. Ela diz que em Sofala, a informação meteorológica é dada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Ide Moçambique, Visão Mundial e os.as agricultores.as podem obtê-la por telemóvel. 

Os.as técnicos.as agrários.as como a sra. Adelaide fornecem informações sobre os riscos das mudanças climáticas e recomendam boas práticas agrícolas sobre quando preparar os solos e plantar sementes melhoradas certificadas.

“Como resposta à mudança de temperatura faço consorciação de culturas com leguminosas ao redor do feijão bóer para servir de quebra vento. Adicionalmente, amontoo a terra formando uma grande camada perto da base e rotação de cultura entre feijão e milho para melhorar o solo. Em caso de infestação, uso pesticidas adequados para combater as pragas” – afirma Adelaide.

A sra. Adelaide afirma que a variedade de feijão bóer que suporta qualquer mudança climática é a Ceap 0557 devido ao seu vigor. Ela diz conseguir um bom rendimento de feijão com a Ceap 0557 e que é a variedade mais usada pelos.as agricultores.as daquela localidade.

Segundo a sra. Adelaide, os desafios na produção do feijão bóer incluem as perdas por apodrecimento, a falta de pesticidas, dificuldades na aquisição dos sacos herméticos para a conservação, acesso a sementes melhoradas e falta de informação sobre o valor nutritivo do feijão.

Osvaldo Soares é o director técnico da Luteari, uma empresa distribuidora de Insumos e Serviços Agrícolas. O sr. Soares diz que o maior desafio para os.as produtores.as de feijão bóer é o elevado preço do feijão bóer, que chega a custar 60 meticais ($0.90 US) por quilograma. Os.as consumidores.as podem hesitar na compra por causa do custo, o que obviamente tem um impacto sobre os.as agricultores.as. “Colocar esta leguminosa no mercado também é difícil, mas para o efeito contratamos empresas exportadoras para os países de maior consumo do feijão”. – Acrescenta ele.

Devido aos impactos das mudanças climáticas recomenda-se a rotação de culturas para evitar erosão e degradação do solo. Outras estratégias de resposta às mudanças climáticas incluem a consorciação de culturas, uso de variedades melhoradas, gestão cuidadosa da terra e plantio de sementes com 50 com de espaçamento em canteiros distanciados em 75 cm.

“Existe a técnica de amontoados, onde o.a agricultor.a amontoa a cultura para que caso ocorram ventos e chuvas fortes, a planta não seja arrastada. Pode se fazer a abertura de buracos para retenção das águas da machamba, e devemos também evitar o desmatamento e queimadas nas machambas.”- Explica afundo o sr.Soares.

Todas estas práticas, explica ele, protegem as culturas contra condições meteorológicas extremas, incluindo chuvas fortes e ciclones.

Para Leopoldino Lubrino é um técnico agrário e gestor de programas de monitoria e avaliação em Nhamatanda. Ele afirma que o feijão bóer é de fácil cultivo na época seca, pois não é bem tolerante ao excesso de água.

O sr. Lubrino relata: “Neste momento estou a explorar a variedade de feijão bóer 0557, que é muito tolerante a seca e chuva, entretanto frágil a ventos fortes acima dos 70 quilómetros por hora. Ele explica que embora a variedade seja tolerante a ventos moderados, não cresce bem em áreas com temperaturas elevadas, uma vez que o nível de humidade no solo é demasiado baixo.

Zefanias Benjamim Luís é um agricultor e avicultor na localidade de Natipoa, província de Sofala, que sustenta a sua família na base da agricultura, há mais de seis anos.

O jovem agricultor afirma que para plantar o feijão bóer, os.as agricultores.as devem ter em conta o tipo de solo e eventos climáticos extremos, tais como ciclones e chuvas fortes.

Ele relata: “No tempo chuvoso faço a cobertura morta entre os canteiros para defendê-los da erosão provocada pela chuva. Faço também uma pequena abertura nas margens da machamba para que toda água se escoe para as pontas.” Ele explica que costuma produzir feijão bóer de duas formas: ele associa milho e feijão bóer na mesma machamba, e em noutros momentos, espera até que o feijão seja colhido e depois faz a rotação da sua machamba para o milho.

Com a consorciação e rotação de culturas, ele espera obter uma boa colheita. E com técnicas de secagem e armazenamento adequadas, espera guardar a sua colheita para alimentar a sua família e obter um bom rendimento.

This resource was supported with the aid of a grant from The Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH (GIZ) implementing the Green Innovation Centre project.

Foto: Um agricultor no baixo Nyando, Quénia, tem na mão ervilhas de pombo. Crédito: K. Trautmann, 2013.