Moçambique: A grande demanda de malambe ajuda comerciantes a ter mais lucro

| Fevereiro 14, 2022

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Ezequiel João Brandão vive na Cidade de Chimoio em Moçambique. Ele vende malambe no Mercado 38mm que é um mercado aberto onde as pessoas vendem diversos alimentos e artigos em segunda mão. O malambe é muito procurado em Moçambique porque a sua polpa é utilizada para criar espessura na preparação de muitas bebidas, sumos, geleias e diferentes sorvetes caseiros. A fruta é também utilizada como agente de coagulação em queijos e iogurtes. O Sr. Brandão compra o malambe de colectores.ras, cuja maioria são mulheres e jovens rapazes no distrito de Guro na província de Manica e no distrito de Tambara na província ocidental de Tete.

Ezequiel João Brandão está optimista quanto ao seu negócio de malambe. O senhor de 40 anos senta-se numa pequena banca, num mercado movimentado e superlotado. Ele está a preparar-se para vender malambe aos seus clientes. 

O Sr. Brandão diz: “Não queria continuar a vender legumes frescos porque estava demasiado frustrado com os preços baixos. Há oito anos atrás, viajei para o distrito de Guro onde vi o malambe. Comprei oito sacos para tentar vendê-los por algum dinheiro.”

Ele acrescenta: “A resposta do mercado foi espantosa e vendi todos os sacos de malambe em apenas um dia. Lentamente comecei a trazer cada vez mais sacos para o mercado e, após cinco meses, abandonei o negócio dos vegetais para me especializar na venda de malambe.”

O Sr. Brandão vive na cidade de Chimoio em Moçambique. Ele vende malambe no Mercado 38mm que é um mercado aberto onde as pessoas vendem diversos alimentos e artigos em segunda mão.

Ele explica: “Nos últimos 16 anos, tentei vender quase todos os tipos de culturas de rendimento como feijão, milho e frutas. Mas acho o malambe o mais rentável.”

O malambe é muito procurado em Moçambique porque a sua polpa é utilizada para criar espessura na preparação de muitas bebidas, sumos, geleias e diferentes sorvetes caseiros. A fruta é também utilizada como agente de coagulação em queijos e iogurtes.

O Sr. Brandão explica ainda: “A polpa é também aplicada como tempero em pratos tradicionais. Não tenho realmente problemas com os clientes porque as pessoas nesta região adoram comer estes alimentos.”

O Sr. Brandão compra actualmente o malambe de colectores.ras, a maioria dos quais são mulheres e jovens rapazes no distrito de Guro na província de Manica e no distrito de Tambara na província ocidental de Tete.

O mercado do malambe aumentou dramaticamente para o Sr. Brandão. Ele explica: “Agora tenho compradores de quase todos os cantos deste país, mas passo a maior parte do meu tempo aqui no Mercado 38mm apenas para ter um contacto próximo com os meus clientes”.

Ele acrescenta, “Os meus clientes compram malambe para produzir sorvetes, geleias, iogurtes, mousse e gelados, bem como para uso em medicamentos tradicionais para controlar a pressão alta.”

Anifa Daudo Osman é gestora de uma organização não-governamental local chamada Fundação Micaia que em 2008 criou uma empresa chamada Baobab Mozambique (BPM) para comprar malambe e dar formação àqueles que o colhem.

Segundo Andrew Kingman, director da BPM, a empresa foi criada em 2015 pela Eco-Micaia Ltd, uma das organizações sob a égide da Fundação Micaia. Ele explica que a empresa foi criada quando, durante um projecto da Fundação Micaia, o pessoal reconheceu que as mulheres do sector da colheita do malambe estavam a ser exploradas por comerciantes.

A Sra. Osman elabora, “Criámos o BPM porque vimos uma oportunidade de negócio que também ajudará as comunidades nas áreas de colheita de malambe onde ajudamos as mulheres e os jovens a desenvolver ideias sobre como podem investir o dinheiro que ganham com a venda do malambe.”

O malambe está a ajudar muitas mulheres a obter rendimentos de diferentes maneiras, tais como na recolha, venda e adição de valor em várias fábricas. Melita Raul é uma das mulheres que trabalha numa dessas empresas que processa o malambe. 

Ela diz: “Já não tenho planos de ir à cidade grande à procura de emprego porque o processamento do malambe se tornou parte da minha vida. Esta é uma actividade sazonal, entretanto, por isso quando não há malambe, volto para a minha casa e trabalho na machamba para produzir alimentos.”

O Sr. Brandão também pôs de lado as suas antigas ambições a favor do malmabe porque diz que o negócio do malambe é mais lucrativo.

Ele explica: “Tentei trabalhar como camionista mas não fiquei satisfeito com o mau salário, avarias, e longas horas de condução. Agora estou feliz porque ganho até 638.300 meticais moçambicanos (1.000 dólares) por mês. Não estou sequer a pensar em trabalhar para outra pessoa desde que possa vender malambe e polpa de malambe.”

Este recurso teve apoio da ajuda de uma doação da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH (GIZ) que implementa o projecto do Centro de Inovação Verde.

Foto: Uma mão segura um fruto de baobá. Crédito: Creative Commons.